O lance do dinheiro para investir em dinheiro
Estava lendo o jornal na Internet e li uma manchete sobre como ganhar o primeiro milhão. Obviamente, fiquei muito interessada (quem não fica?!). E fui clicando até chegar à notícia. Como o jornal O Globo não permite que se copie o conteúdo, tive que digitar tudo, mas aí está, reproduzida na íntegra a matéria de William Helal Filho.
Quando leio este tipo de matéria, cheia de “dicas fantásticas” para pessoas “espertas” e com “visão de futuro”, tenho noção exata do quanto falta de espaço no mundo para pessoas que não nasceram RICAS ou BEM DE VIDA. Mas antes de fazer meus comentários sobre os trechos da matéria, leiam e tirem suas próprias conclusões, claro.
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25/7/06. Jornal O Globo. Megazine.
Tempo é dinheiro
William Helal Filho
Há cinco meses, o pai de Maíra Lima de Araújo, de 19 anos, deu a ela dinheiro para comprar um carro, mas a estudante de administração pensou duas vezes. Conhecia pouco o mercado de ações, mas procurou uma corretora e resolveu investir.
- O dinheiro já rendeu mais de 10% nesse curto espaço de tempo. E sem eu fazer nada. Quando acabar a faculdade, quero ter o suficiente para viajar, estudar fora do Brasil – empolga-se Maíra.
Você não vai ouvir todo dia histórias sobre universitários que, pensando no futuro, poupam e investem seu dinheiro, abrindo mão de carros, noitadas e viagens. Mas as instituições financeiras enxergam no público jovem um grande potencial. Tanto é que este mês a Associação Nacional dos Bancos de Investimentos (Anbid) lançou a cartilha “Como investir? Guia de estudantes”. Na publicação, bem ilustrada e com linguagem fácil, chama a atenção um quadro que faz projeções de quanto você precisa aplicar todo mês para chegar aos 60 anos com nada menos que R$ 1 milhão.
A tabela foi calculada na conjuntura da economia de hoje. Precisa ser atualizada no futuro. Mas não tem erro. Quem economiza cedo colhe depois – afirma Eduardo Penido, diretor da Anbid. – Todos os bancos têm programas para universitários interessados em investir. Sinal de que esse público está de olho no futuro. Um país precisa de poupança interna para investir em si mesmo. Na Inglaterra e na Austrália, brincadeiras escolares ensinam crianças a poupar.
Segundo o economista, grande parte das pessoas que economizam (quanto mais cedo começar, melhor, diz ele) herda esse hábito dos pais. Penido ajudou seu filho de 20 anos a montar uma estratégia de investimento. E na hora de redigir a cartilha, teve um grande aliado para fugir do economês.
– O livro mostra que, sim, é preciso sacrificar algumas noitadas. Mas o esforço vale a pena – garante o diretor da Anbid.
A cartilha, entre outras dicas, ensina o real significado de palavras e expressõese como orçamento e fluxo de caixa. E puxa as orelhas de quem não planeja seus gastos ou não guarda pelo menos 10% de sua renda mensal. Também explica as diferenças entre investir em ações e em fundo de renda fixa, alertando sobre como proteger seus recursos da inflação.
Economizar dinheiro é a prioridade do estudante Daniel Gomide, de 22 anos. Ele trabalha na empresa de seu pai e metade do salário vai direto para um fundo de renda fixa no banco. Ele deixa de lado boates e roupas caras. Quer muito comprar seu carro com o próprio dinheiro.
Ana Carolina Bechara, 20 anos, também está concentrada em fazer um pé-de-meia para quando deixar a faculdade. Para a poupança aberta há cinco anos vão todos os preciosos reais que ela ganha dos parentes em seus aniversários e outras datas festivas. Ana está fazendo um curso na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) sobre como investir.
– Quero ter uma quantia para abrir meu próprio negócio quando eu me formar – diz ela.
O estudante de administração Rafael Spinola, de 24 anos, descobriu o mercado de ações em 2001 de um jeito, no mínimo, inusitado. Um amigo de escola fora reprovado e o pai dele, como punição, obrigou o filho a trabalhar numa corretora. Lá o cara aprendeu a investir e, em um ano, ganhou R$ 27 mil. Desde então, Spinola mergulhou no mundo da compra e venda de ações de empresas. Hoje, ele tira sua renda mensal administrando seu próprio dinheiro. De 10h às 18h, fica em casa, diante do computador, monitorando ações na Bovespa, comprando e vendendo quando lhe convém.
Meu amigo ganhou todo aquele dinheiro em 2001, quando o mercado estava mais favorável. Hoje está mais difícil, mas quem está sempre ligado consegue tirar um bom lucro administrando suas ações – avalia o estudante.
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Vamos aos fatos... e à minha tentativa de dizer a mim mesma que sou esperta e luto pra conseguir o que eu quero, mas não tive a moleza de nascer em berço de ouro.
Tenho 30 e até hoje não tenho carro. Tudo é questão de prioridade e de investir no futuro, mas cadê o dinheiro pra investir. Meu pai não me deu dinheiro pra comprar um carro aos 19 anos... que chato. Ele tinha um carro usado para uso da família. Então, não dava pra economizar este dinheiro (que não existiu). Mas eu também adoraria viajar para fora do Brasil (ou qualquer lugar no Brasil), mas ainda não consegui ter a grana. Aliás, nunca recebi mesada, mas também nunca me faltou nada. Tinha roupa (claro que não era de marca), tinha estudo (até a faculdade, quando comecei a trabalhar para pagar), alimentação e um bom lugar onde morar (dividindo quarto com meu irmão). Nada de luxos, mas nada de grana pra economizar e investir sabiamente em ações ou outras apostas de mercado.
Quando eu era universitária, trabalhava o dia todo, estudava à noite, de madrugada e nos fins de semana. Só saía para a casa de alguns amigos da família. Não tinha tempo/dinheiro para noitadas nem viagens. Mas então, cadê o rendimento do meu investimento?! Ahhh! Faltou o dinheiro para investir. E também não tinha empresa do papai na qual pudesse trabalhar enquanto alguém pagava minha faculdade pra mim... aliás, ele também estava no mercado de empresas privadas e sofria os mesmos males que hoje sofro, do tipo “preocupação com emprego, salários baixos, falta de oportunidade, dificuldade em se aprimorar”, etc.
Acho engraçado como é fácil dar esse tipo de dica. Principalmente, partindo de idéias como “invista seu dinheiro”. Num país de tanta desigualdade, quem precisa de dica sobre como ganhar dinheiro é quem não tem o dinheiro para investir em mais dinheiro! Que dinheiro faz dinheiro todo mundo sabe! Investir o que?! O dinheiro que compra o arroz e o feijão? O dinheiro com o qual pago o aluguel (não, ainda não dá pra financiar um apartamento, mesmo com todo o planejamento que fiz)? O dinheiro com o qual compro livros em promoção para tentar acompanhar o mercado de trabalho e a evolução da minha profissão?! Fico pensando... eu devia ser jornalista em vez de publicitária. Tão fácil escrever uma matéria que chove no molhado assim. Tantos exemplos de pessoas fantásticas que ganhavam presentes em dinheiro de parentes... e quem não tem parentes e nem recebe presentes (só aquele famoso dito: a lembrancinha vem depois, ou é só uma besteirinha, junto com o abraço e o beijo que realmente valem)?
Tenho ainda milhões de argumentos, sobre cada palavra e vírgula da matéria, mas não acho que vá mudar alguma coisa continuar o assunto. Tenho mais o que fazer, como trabalhar pra ganhar o dinheiro suado (sem conseguir economizar nem 10% da minha renda mensal!) e pagar as contas no final do mês. Arghhh... acho que de agora em diante, vou evitar ler esse tipo de assunto, porque não faço parte do público-alvo da matéria.
Quando leio este tipo de matéria, cheia de “dicas fantásticas” para pessoas “espertas” e com “visão de futuro”, tenho noção exata do quanto falta de espaço no mundo para pessoas que não nasceram RICAS ou BEM DE VIDA. Mas antes de fazer meus comentários sobre os trechos da matéria, leiam e tirem suas próprias conclusões, claro.
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25/7/06. Jornal O Globo. Megazine.
Tempo é dinheiro
William Helal Filho
Há cinco meses, o pai de Maíra Lima de Araújo, de 19 anos, deu a ela dinheiro para comprar um carro, mas a estudante de administração pensou duas vezes. Conhecia pouco o mercado de ações, mas procurou uma corretora e resolveu investir.
- O dinheiro já rendeu mais de 10% nesse curto espaço de tempo. E sem eu fazer nada. Quando acabar a faculdade, quero ter o suficiente para viajar, estudar fora do Brasil – empolga-se Maíra.
Você não vai ouvir todo dia histórias sobre universitários que, pensando no futuro, poupam e investem seu dinheiro, abrindo mão de carros, noitadas e viagens. Mas as instituições financeiras enxergam no público jovem um grande potencial. Tanto é que este mês a Associação Nacional dos Bancos de Investimentos (Anbid) lançou a cartilha “Como investir? Guia de estudantes”. Na publicação, bem ilustrada e com linguagem fácil, chama a atenção um quadro que faz projeções de quanto você precisa aplicar todo mês para chegar aos 60 anos com nada menos que R$ 1 milhão.
A tabela foi calculada na conjuntura da economia de hoje. Precisa ser atualizada no futuro. Mas não tem erro. Quem economiza cedo colhe depois – afirma Eduardo Penido, diretor da Anbid. – Todos os bancos têm programas para universitários interessados em investir. Sinal de que esse público está de olho no futuro. Um país precisa de poupança interna para investir em si mesmo. Na Inglaterra e na Austrália, brincadeiras escolares ensinam crianças a poupar.
Segundo o economista, grande parte das pessoas que economizam (quanto mais cedo começar, melhor, diz ele) herda esse hábito dos pais. Penido ajudou seu filho de 20 anos a montar uma estratégia de investimento. E na hora de redigir a cartilha, teve um grande aliado para fugir do economês.
– O livro mostra que, sim, é preciso sacrificar algumas noitadas. Mas o esforço vale a pena – garante o diretor da Anbid.
A cartilha, entre outras dicas, ensina o real significado de palavras e expressõese como orçamento e fluxo de caixa. E puxa as orelhas de quem não planeja seus gastos ou não guarda pelo menos 10% de sua renda mensal. Também explica as diferenças entre investir em ações e em fundo de renda fixa, alertando sobre como proteger seus recursos da inflação.
Economizar dinheiro é a prioridade do estudante Daniel Gomide, de 22 anos. Ele trabalha na empresa de seu pai e metade do salário vai direto para um fundo de renda fixa no banco. Ele deixa de lado boates e roupas caras. Quer muito comprar seu carro com o próprio dinheiro.
Ana Carolina Bechara, 20 anos, também está concentrada em fazer um pé-de-meia para quando deixar a faculdade. Para a poupança aberta há cinco anos vão todos os preciosos reais que ela ganha dos parentes em seus aniversários e outras datas festivas. Ana está fazendo um curso na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) sobre como investir.
– Quero ter uma quantia para abrir meu próprio negócio quando eu me formar – diz ela.
O estudante de administração Rafael Spinola, de 24 anos, descobriu o mercado de ações em 2001 de um jeito, no mínimo, inusitado. Um amigo de escola fora reprovado e o pai dele, como punição, obrigou o filho a trabalhar numa corretora. Lá o cara aprendeu a investir e, em um ano, ganhou R$ 27 mil. Desde então, Spinola mergulhou no mundo da compra e venda de ações de empresas. Hoje, ele tira sua renda mensal administrando seu próprio dinheiro. De 10h às 18h, fica em casa, diante do computador, monitorando ações na Bovespa, comprando e vendendo quando lhe convém.
Meu amigo ganhou todo aquele dinheiro em 2001, quando o mercado estava mais favorável. Hoje está mais difícil, mas quem está sempre ligado consegue tirar um bom lucro administrando suas ações – avalia o estudante.
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Vamos aos fatos... e à minha tentativa de dizer a mim mesma que sou esperta e luto pra conseguir o que eu quero, mas não tive a moleza de nascer em berço de ouro.
Tenho 30 e até hoje não tenho carro. Tudo é questão de prioridade e de investir no futuro, mas cadê o dinheiro pra investir. Meu pai não me deu dinheiro pra comprar um carro aos 19 anos... que chato. Ele tinha um carro usado para uso da família. Então, não dava pra economizar este dinheiro (que não existiu). Mas eu também adoraria viajar para fora do Brasil (ou qualquer lugar no Brasil), mas ainda não consegui ter a grana. Aliás, nunca recebi mesada, mas também nunca me faltou nada. Tinha roupa (claro que não era de marca), tinha estudo (até a faculdade, quando comecei a trabalhar para pagar), alimentação e um bom lugar onde morar (dividindo quarto com meu irmão). Nada de luxos, mas nada de grana pra economizar e investir sabiamente em ações ou outras apostas de mercado.
Quando eu era universitária, trabalhava o dia todo, estudava à noite, de madrugada e nos fins de semana. Só saía para a casa de alguns amigos da família. Não tinha tempo/dinheiro para noitadas nem viagens. Mas então, cadê o rendimento do meu investimento?! Ahhh! Faltou o dinheiro para investir. E também não tinha empresa do papai na qual pudesse trabalhar enquanto alguém pagava minha faculdade pra mim... aliás, ele também estava no mercado de empresas privadas e sofria os mesmos males que hoje sofro, do tipo “preocupação com emprego, salários baixos, falta de oportunidade, dificuldade em se aprimorar”, etc.
Acho engraçado como é fácil dar esse tipo de dica. Principalmente, partindo de idéias como “invista seu dinheiro”. Num país de tanta desigualdade, quem precisa de dica sobre como ganhar dinheiro é quem não tem o dinheiro para investir em mais dinheiro! Que dinheiro faz dinheiro todo mundo sabe! Investir o que?! O dinheiro que compra o arroz e o feijão? O dinheiro com o qual pago o aluguel (não, ainda não dá pra financiar um apartamento, mesmo com todo o planejamento que fiz)? O dinheiro com o qual compro livros em promoção para tentar acompanhar o mercado de trabalho e a evolução da minha profissão?! Fico pensando... eu devia ser jornalista em vez de publicitária. Tão fácil escrever uma matéria que chove no molhado assim. Tantos exemplos de pessoas fantásticas que ganhavam presentes em dinheiro de parentes... e quem não tem parentes e nem recebe presentes (só aquele famoso dito: a lembrancinha vem depois, ou é só uma besteirinha, junto com o abraço e o beijo que realmente valem)?
Tenho ainda milhões de argumentos, sobre cada palavra e vírgula da matéria, mas não acho que vá mudar alguma coisa continuar o assunto. Tenho mais o que fazer, como trabalhar pra ganhar o dinheiro suado (sem conseguir economizar nem 10% da minha renda mensal!) e pagar as contas no final do mês. Arghhh... acho que de agora em diante, vou evitar ler esse tipo de assunto, porque não faço parte do público-alvo da matéria.


3 Comentários:
Show de comentário!!!
Você não deve ser tão pessimista em relação ao dinheiro afinal de contas você precisa muito dele parapagar suas contas e lembre-se o dinheiro é só uma metáfora dá quilo que você precisa!!!
Creio sinceramente que é possível chegar lá...porém sugiro,pensoe procuro caminhos para tal..gostaria de falar sobre com vc...abrçs..claudnei
claudnei777@hotmail.com
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